Joceline da S. Oleksiuk
Santa Cruz do Sul 14 de Julho de 2002.

José Lutzenberger

 

 

Foi através da mídia que ouvi pela primeira vez o nome “Lutzenberger”. Observei que, comentários à parte, descreviam-no como o ambientalista “louco”, rebelde e ríspido. Mas desde este momento, infelizmente, tive que agradecer a mídia por terem usado estas palavras e por terem o criticado tanto, pois foi justamente estas palavras que me fizeram  admira-lo ainda mais, instigando em mim o desejo de conhecê-lo.

 Anos se passaram até que eu pude, com imenso prazer, trabalhar como voluntária temporária no Rincão Gaia. Lá tive a oportunidade de conhecer pessoalmente aquele que tornou-se o meu mestre. Devo a Lutzenberger eternamente pelos meus conhecimentos  absorvidos sobre filosofia de vida e pela atitude adquirida perante o planeta. A nossa breve convivência mostrou-me que a mídia tinha o seu “quê” de razão, pois este homem realmente foi um louco..., louco de amor pela vida! Foi sim um rebelde, extremamente revoltado contra o Sistema e também ríspido, pois, certamente a sua sinceridade e transparência feriam por não omitir nada...

Compreendi também que existem seres imortais e a diferença entre o mestre e o professor, como era chamado por muitos. O mestre simplesmente partilha, compartilha o seu saber, enquanto o discípulo absorve, bebe, sem mesmo perceber. O professor comunica-se com o aluno verbalmente, é um diálogo e desta forma alguma informação é transmitida. O professor detém o saber, o aluno coleta informação a fim de instruir-se. Neste caso existe transferência de conhecimento. Entre um Mestre e um discípulo, a questão não é de conhecimento, mas de SER. O professor tem conhecimento, o mestre sabe, ele é uma presença e não um fazedor. O mestre não faz, a sua simples presença funciona como um agente catalisador e muito pode acontecer até mesmo pelo seu “não-fazer”. Eis o paradoxo da existência do mestre! Sem fazer, muito acontece.

Ao meu mestre quero homenagear, pois dele herdei parte desta “essência de vida”.

Agradeço ao Rincão Gaia e seus membros, que me receberam de braços abertos e me proporcionaram momentos preciosos.

Por fim agradeço à “teia da vida” que me conduziu até o mestre.

 

 

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