Wangari Maathai: Primavera da Humanidade
Sob um espírito tipicamente primaveril, as árvores rebrotam no frescor de tenras folhas verdes e um palco multicolorido de flores e frutos inspira revoadas inteiras de pássaros em lua-de-mel a musicalizar e a coreografar as alegres melodias da vida. Em um gigantesco espetáculo multidimensional de luz, som e movimento que hipnotiza e revigora nossos sentidos, a natureza renova sua expressão de infinita criatividade a cada nova primavera!
Gigantesco espetáculo?! Luz, som, movimento envolventes?! Coreografias criativas?! Onde? No Teatro São Pedro? Onde mesmo? Ao seu lado, à sua frente, no seu entorno!!! Pare, e olhe com atenção...
Estamos tão absorvidos em nossa realidade e mentalidade urbana que deixamos de perceber o espetáculo da vida em sua integridade. Ficamos aturdidos, surdos, cegos e insensíveis ao
grande show que nos cerca naturalmente, em uma vasta programação que se desenrola ciclicamente ao longo das estações e ao ritmo da constante alternância dia-noite-dia-noite-dia-noite... E, assim, deixamos também de perceber os sinais, os gritos de socorro da nossa Terra! Nossos próprios gritos de socorro se esvaecem numa rotina atordoante e dissociada da essência de nossas vidas: nossa natureza!
Mas é primavera; momento de renascer, de repensar, de recomeçar... E a outorga do Nobel da Paz para a ambientalista queniana Wangari Maathai sinaliza novos tempos promissores. Um tempo em que a Humanidade, cujos primeiros passos se deram coincidentemente (ou não!) exatamente no mesmo continente onde vive Wangari, parece reconhecer a necessidade de resgatarmos a sabedoria de nossos povos ancestrais que reconhecia o sagrado, o divino na Natureza que nos integra. E, que não nos permitia a insensibilidade suicida que impera em nossos tempos. Viva a primavera, viva Wangari Maathai!
Lara Lutzenberger
Fundação Gaia
Presidente
Outubro de 2004
Artigo para Revista Conexão Social
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